Brasil: Pronunciamento público da FITH Justiça para Miguel #VidasNegrasImportam
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Mais uma vez, a família internacional das trabalhadoras domésticas - a Federação Internacional de Trabalhadoras Domésticas - lamenta a perda de uma Vida Negra. Nesse caso, é Miguel Otávio Santana da Silva, menino de 5 anos de idade, filho de uma trabalhadora doméstica em Recife, falecido em 3 de junho.
A morte de Miguel ocorreu enquanto o menino estava no local de trabalho de sua mãe, uma trabalhadora doméstica negra, cujo direito à quarentena em sua própria casa e com um salário não tinha sido respeitado pelo empregador.
A empregadora, SARÍ GASPAR CÔRTE REAL, uma mulher branca e esposa do prefeito da cidade de Tamandaré, forçou a mãe de Miguel a trabalhar, apesar da quarentena. Como as escolas permanecem fechadas, Miguel teve que acompanhar sua mãe ao trabalho. A trabalhadora foi forçada a levar o cachorro da patroa para passear, que ficou no apartamento com o garoto enquanto ela terminava sua manicure. Quando Miguel começou a perguntar por sua mãe, a empregadora ficou "irritada", colocou o menino de 5 anos no elevador do prédio e o enviou para o 9º andar. Pouco depois, Miguel foi encontrado morto no pátio do condomínio, depois de cair do terraço.
Depois de pagar uma fiança de cerca de US $ 4030, a empregadora foi libertada. Ela está acusada de homicídio culposo (não intencional) e, possivelmente, negligência e abandono de uma pessoa vulnerável, conforme será determinado pela justiça local. A polícia e a mídia se referiram ao caso como um "acidente". Por outro lado, a mãe e a avó de Miguel acabam de ser diagnosticadas com Covid-19.
Essas histórias são inaceitáveis e nunca mais devem ocorrer. Tragédias como essa não representam eventos isolados, mas sim uma consequência do racismo sistemático e de um legado vivo da escravidão, marginalização e privação de direitos que as comunidades negras, de cor, e indígenas sempre sofreram no Brasil e no mundo.
Assim como a FITH está ao lado de suas afiliadas nos EUA, pedindo ação em apoio ao movimento #BlackLivesMatter (#VidasNegrasImportam), também pede um vigoroso trabalho global para acabar com essas tragédias. Estamos comprometidos em lutar pela justiça racial, econômica, social e de gênero, para desmantelar os numerosos sistemas de opressão que exacerbam a vulnerabilidade das trabalhadoras domésticas, a maioria das quais são mulheres de comunidades marginalizadas.
Somos solidários e apoiamos nossas afiliadas no Brasil, que formam a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD), em sua luta diária contra o racismo, e acrescentamos nossas vozes à solicitação mundial de justiça para Miguel (#JusticiaPorMiguel); justiça para João Pedro Matos, adolescente negro de 14 anos morto pela polícia no Rio de Janeiro em 18 de maio; e justiça para Marielle Franco, assassinada por ser porta-voz da população negra e queer nos bairros mais humildes; e justiça para tantos outros ...
Assinem e compartilhem as seguintes petições e campanhas on-line destinadas a apoiar a solicitação de justiça para Miguel, lideradas pelas trabalhadoras domésticas no Brasil.
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